10 abril, 2011

Em defesa da guarda responsável

Adotar um mascote é uma decisão séria. Arrepender-se e devolvê-lo para um abrigo costuma ser traumático.

“A crueldade do homem é tamanha que nem os animais escapam.” É assim que o casal Angélica Bessa, advogada, 42 anos, e Fernando Bessa, engenheiro, 51, manifesta a indignação de ver a “devolução” de animais anteriormente adotados. Desde 2010, os dois são voluntários no Augusto Abrigo, lar especializado no acolhimento de bichos abandonados. Atualmente, a instituição abriga 329 cachorros e 202 gatos — todos à espera de um gesto de solidariedade.

Angélica até hoje se emociona com a história de Serena, uma cadelinha que vivia com um morador de rua antes de chegar ao abrigo. Serena sofria maus tratos os

30/03/2011. Crédito: Breno Fortes/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF. Adoção de animais. Na foto Angélica Bessa com o seu marido Fernando Bessa e os seus cachorros Serena (preta e branca) que foi adotada e Berkana.

mais cruéis possíveis, conta a advogada. “Foi até bom ela ser abandonada porque assim teve cuidados e muito amor”, diz. A vira-lata rapidamente se adaptou à nova rotina e superou os problemas do passado. Ganhou também um novo lar. “Foi amor à primeira vista: acabei adotando minha lindinha”, revela.

 

 

Infelizmente, nem todos os animais se recuperam com tanta facilidade. A bancária Ana Carolina Rabelo de Araújo Gonçalves, 34 anos, também voluntária do abrigo, adotou a cadelinha Malu — um típico caso de depressão animal. “Ela era arredia e tinha medo de todo mundo. Não conseguia se movimentar direito por conta da patinha amputada e comia deitada”, relata. Ela adverte que a decisão de adotar deve ser muito bem pensada para que não ocorra novo abandono. “As pessoas têm que ver se possuem paciência e tempo, pois, muitas vezes, o bicho tem traumas. É preciso muito amor”, resume.

O abandono atinge mais os cães e costuma estar relacionado a motivos banais. “Teve casos aqui no abrigo que as pessoas adotaram um cão sem raça definida, após um tempo e o devolveram porque compraram um de raça”, relata a advogada. Às vezes, as pessoas ignoram os gastos que um animal proporciona e se arrependem da adoção. Também é comum o abandono depois de constatado que o pet é agitado. Já no canil da Zoonoses (que conta atualmente como 2.915 animais), o que mais se vê são cachorros e gatos doentes e deprimidos.

Animais nesse estado precisam de atenção redobrada. “O novo lar deve ser mais atraente e seguro que o abrigo, do ponto de vista canino. Para nós, é óbvio que uma casa de família com todo o conforto, cama quentinha, comida no prato e muito amor seja muito melhor que o abrigo”, explica a veterinária Alida Gerger, consultora comportamental da ONG Cão Cidadão e co-autora do livro Cão de família (Ed. Agir). Basicamente, o tratamento visa a prática de atividades motivacionais, como exercícios e brincadeiras.

O veterinário Laurício Monteiro, responsável pela Gerência de Controle de Reservatórios e Zoonoses, explica que o órgão procura desenvolver projetos que incentivem a posse responsável de animais. A campanha tem dois objetivos: poupar os bichos de sofrimentos e incrementar a saúde pública, com o controle mais efetivo de doenças. “Os animais são entregues aqui com o maior desprezo com a vida deles”, critica. “Acima de tudo, respeite os animais”, reforça Angélica Bessa.

Depressão

Mudanças bruscas na rotina do mascote podem o levá-lo à tristeza patológica. Segundo a veterinária Alida Gerger, a depressão animal não é igual à humana e raramente dura longos períodos. “Ela está relacionada a algum período em que ocorreu uma mudança importante na vida do cachorro. Entre as causas mais relatadas, está a morte de pessoas ou de animais próximos. Um viagem do dono também pode afetá-lo”, exemplifica.

Drama com final feliz

Crédito: Angélica Bessa/Divulgação. Adoção de animais. Piratinha assim que chegou ao abrigo.<br />

Piratinha, agora rebatizado de Cisco, chegou ao abrigo ainda novo. Passou por problemas de saúde, normais por conta da idade. Um dia foi adotado. Ficou 40 dias na casa nova, onde tinha tudo do bom e do melhor. Mas durou pouco. A adotante devolveu o cão, pois ele como todo filhote, mordia chinelos, móveis e latia. Quando voltou para o abrigo, certamente ficou com saudades da casa que o abrigou, ficou triste, mudou seu temperamento que era alegre e saltitante, ficou apático e perdeu a alegria. Ficava paradinho no pátio, em meio a toda aquela barulhada e brincadeiras dos outros cães. Mas foi adotado novamente. Felizmente, o casal Lara Augusta Eugênio Pinto e Fernando Sasse Duarte se sensibilizaram com a trajetória dele e o levaram para o novo lar. Hoje, ele tem uma vida tranquila.

Agradecimento: Augusto Abrigo e Cão Cidadão (http://www.caocidadao.com.br)

Fonte: Correio Braziliense - Revista do Correio – Bichos

Angélica Bessa

4 comentários:

Anônimo disse...

Que familia linda...

Lena disse...

Um amor sem precedentes É exatamente isso que pensei quando vi Serena e Angélica juntas... Não é de hoje que o Augusto Abrigo vem lutando para encontrar uma família para cada um dos anjos de quatro patas e, felizmente, a adoção da Serena é sem sombra de dúvidas um verdadeiro encontro de almas... Se cada pessoa que precisa de uma compania fiel, feliz e sincera para sua vida for ao Abrigo com certeza será "Adotado" por um anjo especial assim como Serena.

Augusto Abrigo disse...

É isso Fox, é isso que eu senti quando vi Serena. Ela me adotou e eu sinto-me agradecida ao Augusto pelo que eu tenho vivido em companhia dela desde o dia que eu encontrei essa Branquinha.
A Loira, eu e Fernando somos muito gratos ao Augusto por essa oportunidade de receber tanto amor da Branquinha.

Angélica Bessa

Protetores doa animais disse...

Olá amigo protetor!
Você sabia que aqui no Brasil já foi criado o Estatuto dos Animais? E que ele está tramitando na Câmara dos Deputados em Brasília? Saiba que o Deputado Federal Eliseu Padilha (PMDB/RS) protocolou na casa o Projeto de Lei 3676/2012, que institui o Estatuto dos Animais. O PL muda a condição jurídica dos animais, que atualmente são tratados como objetos. Com a provação do documento, os bichos passam a serem vistos (juridicamente) como seres que sentem. Além disso, a carta estabelece inúmeros direitos e endurece as punições contra aqueles que os maltratam.
Para você que ama e acredita que a vida de um animal é tão importante como a vida de um ser humano, por favor, nos ajude a divulgar e pressionar as autoridades a aprovarem o Estatuto dos Animais.
Contamos com o seu apoio!
Conheça o Projeto de Lei, acesse: http://bit.ly/HOzoss
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Para mais informações: estatutoani@gmail.com

Atenciosamente,
Protetores dos animais

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